sexta-feira, 1 de maio de 2009

Triste

Mantenho o mesmo sorriso, quiçá o mesmo brilho nos olhos. Escondo a todo custo o desejo de curvar-me e tombar a cabeça, arquear os joelhos e dependurar os braços. Queria abaixar-me num movimento fingido de amarrar sapatos mas nem sequer tocá-los, aproveitar a ida para sentar-me e só; contemplar sozinho o chão.

Meu cabelo se achou e não fui eu. Escolheu o melhor formato, o assentamento mais cool, mas minha mão insiste em tocá-lo, bagunçá-lo. Nessa hora o sorriso é desconcertado. Não mais se mostram os dentes. As bochechas se contorcem num des-sorriso que a custo controlo. Os olhos ainda brilham, porque incontidas elas me saem; a todo momento, finjo-me um bocejo - é o sono, é a lente, muita fumaça, será conjutivite? Um cisco ou dois.

Dois.

Minhas roupas ainda brilham, meus pés ainda sapateiam. Há quem diga que sou o rei da Discoteque. Mas é que eles não percebem. Traças desfazem meu disfarce e começam por dentro.

A isso chamam angústia.

5 comentários:

Unknown disse...

Entendo.

Danilo Castro disse...

Estamos todos enclausurados, hombre. Aqui por fora só se vê as belas carapaças gregas disfarçando o verdadeiro ator/humano por trás delas. Por fora é só brilho, por dentro, angústia. É fatalidade.

th. disse...

O texto se chama 'triste'; um que diz 'entendo'; o outro, resignado 'concordo'. Negada, vamo marcar uma praia?

Unknown disse...

Faz um tempo que eu não passo por aqui, faz muito mais que não te vejo, mas em umas 20 linhas te vejo quase q igualzinho aos tempos de Barão Geraldo... E ó, se ainda quiser subir umas árvores, é só me dá um abraço!! Saudades de ti meu caro, te cuida Buffon! E vai guardando um lugar pra mim na sua casa!! Beijok

Bruno S. disse...

Achei que estava se referindo a velhice...

triste...