sexta-feira, 1 de maio de 2009

Triste

Mantenho o mesmo sorriso, quiçá o mesmo brilho nos olhos. Escondo a todo custo o desejo de curvar-me e tombar a cabeça, arquear os joelhos e dependurar os braços. Queria abaixar-me num movimento fingido de amarrar sapatos mas nem sequer tocá-los, aproveitar a ida para sentar-me e só; contemplar sozinho o chão.

Meu cabelo se achou e não fui eu. Escolheu o melhor formato, o assentamento mais cool, mas minha mão insiste em tocá-lo, bagunçá-lo. Nessa hora o sorriso é desconcertado. Não mais se mostram os dentes. As bochechas se contorcem num des-sorriso que a custo controlo. Os olhos ainda brilham, porque incontidas elas me saem; a todo momento, finjo-me um bocejo - é o sono, é a lente, muita fumaça, será conjutivite? Um cisco ou dois.

Dois.

Minhas roupas ainda brilham, meus pés ainda sapateiam. Há quem diga que sou o rei da Discoteque. Mas é que eles não percebem. Traças desfazem meu disfarce e começam por dentro.

A isso chamam angústia.