sexta-feira, 9 de maio de 2008

Os arpejos de mamãe...

Durante o ano passado, a revista piauí promoveu em cada uma da suas edições um concurso literário do tipo "encaixe a frase". Ela propunha uma frase um bocadinho inusitada e os participantes se aventuravam em montar um textinho bonitinho e cheirosinho que a contivesse. Frases do tipo "Mas Alice, eu já disse que não sou mitômano!", "O gongo bateu na lateral da locomotiva e nenhum passageiro arriscou um pio" e “Não vou tolerar este tipo de agressão, ainda mais levando em conta que meu tio é ventríloquo!" foram algumas das propostas ao longo da ano. No site da revista eles destacavam 5 textos (1º ao 5º lugar); o 1º colocado tinha seu texto publicado na revista (glória máxima, irmãos!). Participei de dois concursos, o de frase "Ele implicava com leiloeiros; apreciava mais os falsários" e o "Os arpejos de mamãe me levaram ao suicídio". Não, não atingi a glória máxima - nem a mínima (o 5º lugar). É, a vida é dura. Mas o importante é ser feliz e... tá, a vida é dura.

Da frase segunda o que me saiu foi isso daqui:

Ida

Minha mãe completou 40 anos e fez uma baita festa. Nesse dia, ouvi de muitas bocas embriagadas – que claramente já haviam também ultrapassado a cota de quatro décadas – o famoso mote que prega como verdadeiro início da vida o dobro da minha idade.

Motivada por um não sei o quê, que até pensei ser o álcool – não era, aquilo reapareceu mesmo depois da ressaca do aniversário –, agora ela age diferente: quadragenária, passou a praticar Yoga e a freqüentar academia, desmantelou a própria rotina, quer cursar arquitetura e aprender a tocar um instrumento musical – comprou um teclado. Desfez-se do namorado antigo e arranjou um outro. Mas já se desfez deste último e inicia algo parecido com uma coleção, pela qual já passaram o professor de música e o jardineiro.

Não há clareza em minha motivação, mas sinto que não minto nestas palavras. Sim, os arpejos de mamãe me levaram ao suicídio, bem como as roupas de ginástica, os passeios no jardim, os vestidinhos curtos, os gemidos e sussurros, os restos de vômito à borda do sanitário; pois tudo isso são grãos de um pedregulho maior.

Mamãe no terraço saúda o sol. Eu me despeço. No bilhete que fica, minto para que ela siga sem culpa a vida que mal começou.

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Temas

No ano passado eu mantive comigo um caderninho no qual eu procurei sempre escrever qualquer pensamento que eu julgasse merecedor de nota. A idéia era registrar boas idéias. Agora vejo que não foi uma idéia tão boa assim, mas ficaram umas coisas interessantes lá. No dia 17 de outubro, por exemplo, listei alguns assuntos os quais achava que deveria analisar melhor. Lá está:

"Temas: nervo do dedo morto com sacolas; os arpejos de mamãe me levaram ao suicídio; o passarinho que vi morrer; a minhoca que matei; a arte de subir em árvores Vs. exibicionismo; minha alma cabe numa lata de Pringles".

Caramba.

Só a um deles eu dediquei umas linhas mais. Já que me encontro numa situação inicial de escassez de assuntos, a esses listados recorro para ver se o Inaugural toma algum rumo sem ficar parado. E outra, em ultima estância esse blog nada mais é que um caderninho meu, só que mais high-tech; com toda certeza, se tivesse me ocorrido no ano passado, a metáfora do caminhão de lixo não estaria em outro lugar senão nele. (Eu juro que a idéia era registrar boas idéias)

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Isso aqui fede

Agora devo me propor a escrever coisas, coisas interessantes. Para ter toda uma cria de leitores me querendo bem. Confesso que me falta a sede. Não sei por quê, parece que passou. Veio a mim uma metáfora boa, compartilho. Estou como quem ouve de dentro de casa o roncar do caminhão de lixo e acha que é chuva. Traz uma paz o burburinho...

Queria não escrever o resto que me ocorre, ficou bonito do jeito que está. Mas é assim: vai o caminhão, vai a chuva que não era chuva, vai a paz que não era paz. Antes não saber que era um caminhão. A paz ainda seria paz.

Mal cheirosa, sem dúvida, mas paz.

VIII Post Inaugural

O último em que convoco um leitor. July, é você. Sempre que escrevo esse teu apelido, acho aviadado. Não você ou o apelido, mas te chamar por esse apelido; aviadado eu, então. E agora me dou conta de que não sei escrever teu nome. Desconfio com quase certeza que não seja Julho, embora justificasse o apelido, logo é Júlio, mas não me arrisco quanto a acentuação. Fica com sempre ficou, July, então. Mas, enfim, esclareça.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

VII Post Inaugural

Em tempo, 'P' não é número nenhum e isso não quer dizer nada. Seja bem vinda também, Pri.

VI Post Inaugural

Mais um para alguém. "Mas não vão acabar nunca? ", perguntou esse alguém. Enquanto os algarísmos romanos me permitirem, filhota, vou longe. Ou não. Terei que pesquisar. Lembro que o 'L' é cinquenta. O 'D' é quinhentos mas não tenho certeza. Sei que o 'X' é dez, não é, Xeli?

Sequer esperou a vez...